domingo, 15 de maio de 2016

Diário de Leitura - Roque Santeiro

O meu atraso nas leituras mais votadas por mês já estava me irritando. Já que não estou conseguindo ler "A História da Vida Privada" com prazo para terminar, resolvi pegar para ler a leitura de maio antes que o mês termine. E em 11 de maio folheei o livro, li o prefácio, a biografia dos autores e comecei a ler o primeiro capítulo. O livro é uma edição de bolso, tem fotos e é fino; então acredito terminar em pouco tempo de leitura.
Apesar de eu ter escolhido esta leitura para iniciar a coleção de novelas, fiquei com a sensação que escolhi errado. Entre a primeira versão da novela a ser gravada e a segunda versão que de fato foi exibida e era a minha lembrança remota se passaram 10 anos. Cronologicamente falando, a novela que é mais antiga neste caso, pelas minhas lembranças, seria "O Bem Amado" que eu também tenho e não li.
Mas não adianta remoer este tipo de coisa agora. No dia seguinte consegui ler mais 4 capítulos, contando quem foi o Roque Santeiro, apresentando os personagens. A pequena Asa Branca está dividida com a chegada de dois eventos num mesmo dia: a inauguração da estátua do santo que pretende trazer mais turistas para a região, e a inauguração de uma boate com shows de striptease. Mas Asa Branca tem muito mais particularidades que se possa imaginar. Parece que tem um professor que também é um lobisomem. E o beato Roque Santeiro deixou para trás uma viúva. Também tem um prefeito que também é um barbeiro. E uma loja de lembranças do Santo...
Eu fico com vontade de assistir novamente a novela. Creio que muita coisa acabou sobrando e não está presente neste livro. Ao mesmo tempo sinto que o contexto desta história passou e só quem conhece e viveu na época de exibição consegue se envolver com esta história.
Então entre os dias 13 e 14 de maio avancei capítulo a capítulo conhecendo um pouco mais das coisas extraordinárias que só acontecem em Asa Branca, uma cidade que vive de um mito.
Não me sobra dúvidas de quem manda na cidade é Sinhozinho Malta. Apesar das ambições políticas do prefeito, não só este, mas também o delegado e o padre "obedecem" Sinhozinho. Assim como a primeira dama é Porcina, sendo ela viúva ou não.
Essa novela é de uma época em que os valores éticos não eram tão arraigados. Ela não é politicamente correta e nem faz sátira da condição geral de promiscuidade. Apesar do grupo de beatas condenar a abertura da boate, a grande maioria dos cidadãos se envolve em casos extraconjugais e não vê problemas nisso.
A equipe de filmagem que chega a Asa Branca para filmar a história do beato Roque Santeiro acaba por fazer de lá seu estúdio para outras produções, como por exemplo a dessa novela.
É curioso entender o papel das novelas na sociedade brasileira. Confesso que eu não entendo quase nada. Mas a forma como uma peça de teatro, se transforma num enredo maior que poderia ser um filme, que é muito cara a produção, mas se estende em uma novela com cento e tantos capítulos e tem seu enredo sendo atualizado, alterado e adaptado ao longo da exibição de acordo com as preferências do público telespectador, surpreende que consiga ser reproduzida em forma de livro. Quer dizer, o final muitas vezes é alterado da proposta inicial ou até mesmo fica em aberto. E a mensagem geral que é passada pode não ser mensagem nenhuma, apenas mera distração. Não tem um verdadeiro significado de fim como normalmente se espera dum livro.
Bom, recomendo a leitura. Este livro votado para ser lido em maio eu também consegui concluir. Vamos aguardar o fim da votação para junho e talvez eu consiga retomar e concluir a leitura de março, mas está difícil.

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